30-05-2011 15:14
A AGRESSIVIDADE E A HEREDITARIEDADE
Como o resto da população consiste em indivíduos, cada um tentando maximizar o seu próprio sucesso, a única estratégia que persistirá será aquela que, uma vez desenvolvida, não possa ser superada por nenhum indivíduo divergente.
A fim de aplicar esta ideia à agressão considere o leitor o seguinte caso. Suponha que existem apenas dois tipos de estratégias de luta numa população de uma espécie particular, a estratégia do falcão e a do pombo (os nomes referem-se às metáforas humanas e não têm ligações com os hábitos das aves de onde os nomes são tirados: os pombos, de facto, são aves bastante agressivas). Qualquer indivíduo da nossa população hipotética é classificado como falcão ou como pombo. Os falcões lutam sempre o mais dura e agressivamente que podem, retirando-se só quando seriamente feridos. Os pombos limitam-se a ameaçar de uma maneira convencional, nunca ferindo o outro. Se um falcão lutar com um pombo, o pombo fugirá rapidamente e, assim, não será ferido. Se um falcão lutar contra outro falcão, a luta prosseguirá até que um deles fique seriamente ferido ou morra Se um pombo encontrar outro pombo, ninguém se magoará; ameaçar-se-ão mutuamente durante muito tempo, até que um deles se canse ou decida não importunar mais o outro,, retirando-se. Por enquanto admitimos que não existe nenhuma maneira pela qual o indivíduo possa saber, antecipadamente, se um determinado rival é um falcão ou um pombo. Ele só descobre isso ao lutar com ele e não tem qualquer recordação e lutas passada com outros indivíduos que o guie.
O que nós queremos saber é se o falcão e o pombo são estratégias evolutivamente estáveis (EEE). Se um deles for uma EEE e o outro não, devemos esperar que aquele que é EEE evolua.
Vamos supor que temos uma população constituída inteiramente por pombos. Sempre que eles lutam, ninguém fica ferido. Os combates consistem em torneios rituais prolongados, talvez desafios de olhares, que terminam quando um dos rivais desiste. O vencedor marca então 50 pontos por ter ganho o bem em disputa, mas marca também -10 pontos, como penalidades por ter desperdiçado tempo num prolongado desafio de olhares; marca, portanto, ao todo 40 pontos. O vencido também é penalizado com -10 pontos por ter desperdiçado tempo. Em média, qualquer pombo individual pode esperar ganhar metade dos seus combates e perder outro tanto. Portanto, o seu lucro médio por combate é a média entre 40 e -10, ou seja, 15. Assim, cada pombo individual de uma população de pombos parece estar a sair-se bastante bem.
Mas suponha-se agora que surge um falcão mutante na população. Como ele é o único falcão existente, todas as lutas que realiza são contra pombos. Os falcões ganham sempre os pombos, de forma que ele marca 50 pontos em todos os combates, e este será o seu lucro médio. Goza de uma enorme vantagem sobre os pombos, cujo resultado líquido é apenas 15 pontos. Como resultado, os genes do falcão irão espalhar-se rapidamente pela população. Mas, nessa altura, o falcão já não poderá ter a certeza de que cada rival que encontrar seja um pombo. Dando m exemplo extremo, se os genes de falcão se espalhassem com tanto sucesso que a população inteira viesse a ser constituída inteiramente por falcões, todos os combates seriam apenas entre falcões. Quando dois falcões se encontram, um deles é seriamente ferido, marcando -100, enquanto o vencedor marca 50. Cada falcão, numa população de falcões, poderá esperar vencer metade dos seus combates e perder a outra metade. O seu lucro médio terá, assim, um valor intermédio entre 50 e -100, isto é, -25. Agora considere um único pombo numa população de falcões. Ele perde, sem dúvida, todos os seus combates, mas por outro lado nunca fica ferido. O seu lucro médio é 0, enquanto, para um falcão numa população de falcões, o lucro médio é -25. Os genes de pombo tenderão, portanto, a espalhar-se pela população.
DAWKINS, Richard, O Gene Egoísta, 3ª edição, 2003. Lisboa: Edições Gradiva, pp. 109-112
Lê com atenção o texto e depois faz uma reflexão sobre a transmissão das características genéticas, articulando isso com a teoria darwinista da sobrevivência do mais apto.
Segundo a teoria de Darwin da evolução, os seres vivos mais adaptados a um certo meio vão-se reproduzindo e passando essas características. Assim vai permitir que outras gerações futuras sobrevivam nesse meio a variações de condições de vida, o que não acontece com as menos aptas, pois acabam por não se reproduzir e morrer.
Depois através da reprodução, os seres vão herdar (hereditariedade) essas características que permitiram que os progenitores sobrevivessem, tornando as gerações posteriores mais aptas a variações de condições de vida.
Do seu querido e estimado aluno Exmo. Sr. Dr. Eng. André Coelho do 12º B nº7